segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alberto Romão Dias


Sinto-me mal por ser "mais um" a escrever e a dizer "Obrigado". Tenho séria pena que algo tão trivial tenha evoluído para algo tão penoso.
Alberto Romão Dias, para mim, é um nome que trará, ao longo dos anos, muitas alegrias.
Recordo-me especialmente da preocupação e empenho por ser um bom professor e um bom amigo. Era mais que um professor, era um cultivador de cultura geral.
Lembro que em todas as suas aulas, para além de uma simples perspectiva química, tentava passar uma mensagem, mensagem essa que podia estar escondida por de trás de um simples facto matemático, por de trás de uma equação "secante", por de trás de uma dificuldade ou pormenor com que alunos de 1º ano não sabiam lidar.
Usava o próprio corpo e alguns alunos para fazer estruturas de moléculas simples. Usava os braços, cabeça, dedos, giz e tudo o mais.
Recordar-me-ei, sempre, das aulas de Química dos Elementos, as aulas mais fascinantes e que mais me interessaram. Esforcei-me mesmo para agradar. Pesquisei para fazer, num grupo, o melhor que podia, porque considerava que aquelas aulas de 8 ou 9 alunos eram relíquias. Era o nosso "avô científico" que nos contava tudo de cultura geral "química", que tanta falta faz.
Lembro-me que adorava o Boro, que o chama de louco e tarado!
Lembro-me que não ia muito à bola com os Alcalino-Terrosos.
Lembro-me do postal das mamas de silicone ao falarmos do Silício.
Lembro-me que tinha um certo fascínio peço Lítio.
Com ele aprendi que talheres de alumínio, antigamente, eram considerados peças de luxo.
Com ele aprendi que o NH3 (e aqueles malditos cilcos de Born Haber) é o composto mais produzido em número de moles no mundo e que o ácido Sulfúrico é o mais produzifo em termos de peso.
Fez-me ver que um estúpido NH3, produzido industrialmente através das maravilhas de catalisadores, mata a fome a muita gente.
Lembro-me do entusiasmo com que fiz o trabalho dos Gases raros, para o agradar! (Obrigado também ao Bruno Martins pelo trabalho conjunto). Deu-me uma oportunidade de ver que os Gases raros são mais do que simples "modelinhos ideias" de gases perfeitos e que até têm uma variedade muito interessante de compostos. Com ele, aprendi que os gases raros não servem só para fazer luzes de neon...
Com ele, gostava de química
Sem ele, a minha agonia e raiva à minha condiçãod e química agudizou-se. No esmestre em que mais faltei, só Às aulas dele é que ia, religiosamente. Faltava a tudo, menos às suas aulas.
Lembro-me do faducho no blog da Susana.
Lembro-me do maldito ferro que muitos ouvidos torturou.
Lembro-me, com carinho, que foi o único professor que me expulsou de uma aula - por culpa da susana, note-se :p
Lembro-me das súbitas mudanças de décibeis no seu aparelho vocal.
Lembro-me da sua figura franzina.
Lembro-me, especialmente, de um elogio que me fez, contado a outra pessoa.
Não tenho pudor nenhum de o afirmar, mas do meu ano era comigo com quem ele mais simpatizava. Ele sabia que eu também simpatizava muito com ele, mais do que o normal. Não era por acaso que o chamava e continuarei a chamar de "O Grande Chefe".
Lembro-me do seu esquema para eu me entender com as Francesas de erasmus!
Lembro-me que ele foi o primeiro professor a quem eu, por pura brincadeira, gastei 0,5 valores que me podiam ter subido a nota.
Lembro-me que foi para ele que respondi "Como os átomos não são cubos, recuso-me terminantemente a responder a esta pergunta!".
Lembro-me que ele achou piada a este meu atrevimento e "lata". Ele sabia que, apesar de ter à vontade para com ele, que o respeitava muito.
Lembro-me da molécula de NO.
Lembro-me que ele disse "mandei-te para a rua, mas eu sei que se a susana não estivesse lá, não tinha acontecido. Era para mandar os dois embora, mas mandar a susana?!" LOL.
Recordo-me da amizade ainda maior com a Susana Rocha, adorava vê-los a confraternizar.
Lembro-me dele a dizer quais os efeitos dos vasodilatadores.
Lembro-me porque raio é que se davam alguns comprimidos, de forma puramente empírica, que eram vasodilatadores...
Lembro-me dos "Biomerdas"
Lembro-me de ele ter dito "Ela na minha altura era conhecia pela frase Eu não concordo nada com isso".
Lembro-me dos discursos nos poucos Jantares de curso...
Tenho pena, essencialmente, da forma como aconteceu. Acontecer, acontece a todos. A forma como aconteceu, a meu ver, não foi justa.
Desculpe lá repetir isto outra vez, mas mais uma vez, Obrigado!

2 comentários:

maria 3a disse...

adorei a tua homenagem. uma grande grande perda.

Anónimo disse...

Sniff
No dia do funeral eu não pude ir pois calhava mesmo em cima do meu horário de trabalho e como só fui avisada +- em cima da hora não pude mudar o turno e não podia faltar. Quando cheguei, o monitor de serviço disse para eu treinar a impressão de posters e disse para eu escolher um ao calhas de entre mais de 1500 escolhas...eu já estava triste por não puder ir ao funeral...e quando abro o poster que escolhi aparece o nome A. Romão Dias...era um trabalho de químicos e ele era um dos autores! comecei a chorar...fikei traumatizada...
Porque é k nakele dia, aquela hora exacta eu vou acertar naquele poster!ainda por cima no LTI de Civil!!!Mas porquê????só comigo...
como disse a ana catarina: tu és parapsiquica!e assim descobri que estava no curso errado LOL