O meu maior defeito é a preguiça. A preguiça impede-me de ser verdadeiramente bom nalguma coisa - algo que está facilmente ao meu alcance. Eu, de facto, podia e posso ser muito bom em muita coisa.
Para além das múltiplas vontades e do facto de poder ser bom em várias coisas (falta de "focus", chamam-lhe alguns), o meu maior problema é que eu penso que o esforço desmedido não vale a pena. Apesar de ser um inconformado por natureza, sou também um homem, quiçá, acomodado. Não sei se tudo isto é fruto da educação da Dona Fatocas que, por não ter tido uma mãe presente, evitou ao máximo fazer os mesmo aos seus filhos. Pecou por excesso. E pecou por excesso logo no filho errado.
Há uma parte de mim que sabe que a minha mãe foi a melhor mãe do mundo. Teve muito azar, muitos problemas na vida, uma infância triste e pouco recomendável, sem carinho, sem pai nem mãe... Ao tentar afastar todas estas coisas dos seus rebentos a minha mãe perdeu vida própria e mais não me alongo. O maior problema, e o que mais confusão me mete, é que, acima de tudo, anulou-se como mulher.
E eu, cá de fora, mas tambem lá dentro, vejo e vivo isto tudo. Por ter sido o último de uma manada de Renatos e Renatas, sempre fui aquele a quem a minha mãe mais mimo tentou dar. O resultado não foi ter-me tornado num homem mimado, mas sim acomodado. Eu penso que está tudo bem, sempre tudo bem. Inconscientemente devo pensar que a minha mãe estará lá para tudo, para resolver todo e qualquer problema que surja e apareça.
Sei bem que a vida não é assim. O Curioso é que sempre tentei lutar contra isso e sempre recebi, de forma quase hostil, todo o mimo que a minha mãe me tentou dar. Agora já nem sei se foi mimo ou se foi "conforto". Não me recordo, não me recordo mesmo, de alguma vez a minha mãe me ter dado um abraço, um carinho, nem uma chapada!
Tirando isso, deu-me tudo, mais do que eu podia pedir, até.
O meu mal não foi meu, apesar de agora começar a ser. O meu mal chama-se Dona Fatocas, uma mãe que por não ter recebido carinho - nem hoje sabe o que isso é, coitada - nunca o soube dar. Em compensação deu tudo o resto, tal como já escrevi.
O resultado sou eu, um homem que apesar de inconformado, é um acomodado porque se sente falsamente bem, no meio do seu mundo fechado, privado de afectos. Apesar de estar em estado de romance, continuo a ser o homem seco que a minha mãe me ensinou a ser...
Eu sei que tenho muito por fazer, meio mundo por conhecer e sonhos para materealizar. Sei que um dia me vou passar dos cornos e vou passar a ser um viciado em trabalho. Começo a estar cansado desta vida demasiado igual às outras. Eu não quero ser o típico senhor com sapatinho vela, com o seu labrador, a passear numa zona chique de Lisboa;o típico "Homem de sucesso" aos olhos do resto da sociedade, com as letrinhas "DR" no cartão de crédito gold ou prestige.
Recuso-me.
A minha vida, apesar de tudo e de todas as adversidades, será bem melhor que essa pasmaceira.
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1 comentário:
Não podias ter feito uma descrição melhor do que eu sinto em relação à minha mãe.
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