
A maioria dos posts serão, com certeza, de música. E assim será o primeiro. Estive a pensar e, depois de uma briga com os senhores cookies, decidi que o meu primeiro post "à séria" tinha que ser sobre o meu tema favorito, música. Voltei a pensar mais um pouquinho e decidi que devia opinar sobre o meu cd, aquele que mais mexe com a minha testiculeira, o meu favorito da minha artista favorita.
A minha artista favorita é a sodona PJ Harvey (na foto).
A PJ Harvey agrada-me por muitas razões, talvez muitas das quais eu nem saiba precisar e/ou identificar. Uma das razões foi pelo ódio que lhe tive a início. Contudo, muitos dos grandes amores nasceram de grandes ódios e por aqui me fico.
Aprecio a diversidade e é aqui que a PJ Harvey me prende por completo. A PJ Harvey do início, da era "Dry", era uma menina inocente que parecia que cantava com o microfone directamente apontado para o coração. Tinha uma voz um pouco mais aguda da que podemos ouvir hoje, mas sempre com aquele toque de aspereza que tanto aprecio. A PJ Harvey de 1992, da era "Dry", que dizia que "gostava de cantar sobre vaginas secas" (O_o), passou à fase "Rid of Me", fase essa que levava o seu rock para terrenos ainda mais ásperos. A menina que cantava "I'm happy and bleeding for you" deu lugar à mulher que, aos berros másculos e sentimentos femininos, gritava ao mundo coisas como "I'll make you lick my injuries, I'm gonna twist your head off, see", ou "Lick my legs I'm on fire, Lick my legs of desire". Depois de uma bela depressão, que nem podia lavar os dentes nem se levantar da cama, ve a luz do dia um belo e magnífico cd, "Rid of Me".
O poder sonoro, a brutalidade do som de "Rid of Me" deve-se à produção de Steve Albini, esse senhor que capta as pulsações das baterias como ninguém.
Farta de agressividade (depois de ter mostrado 4-track-demos, para quem achava o ROM muito abrasivo) PJ decidiu seguir o seu caminho a solo. De facto, "Dry" e "Rid of Me" já eram cd de PJ Harvey, os restantes membros da banda eram simples "marionetas", já que PJ Harvey escrevia tudo e dava a cara a tudo o que o "PJ Harvey trio" fazia. Vai-se lá saber porque é que a banda se chamava PJ Harvey...
"To bring you my love" conseguiu ser recebido com mais entusiasmo que os dois primeiros cd's. A natureza agressiva da Sodona continua presente, contudo ela toma uma postura mais teatral, as canções deixam de ter, em parte, aquele carácter confessionista, aquelas fúrias menstruais que tão bem fazem à PJ Harvey. Neste cd, que muitos consideram ser o seu melhor e eu também, apesar de não ser o meu favorito O_o (é estranho, é), começam a aparecer os órgãos, pianos, outros instrumentos para além do redutor sistema bateria/guitarra/baixo dos primeiros cd's.
"Down by the water" serviu como single e serviu muito bem. É das melhores canções dela, acompanhado por um vídeo fabuloso, que acaba com um longo e secreto "Little fish, big fish, swimmin' in the water, come back here man 'gimmie my daughter".
Mais tempo afastada, nova depressão, alguns projectos paralelos, o romance com Nick Cave e a quase desistência da música para ser enfermeira em África, surge aquele que é o meu cd favorito dela, "Is This Desire?".
Este cd é especial, o meu favorito, porque levou-me a gostar de PJ e tive que batalhar muito para o entender, se é que um cd de PJ é para entender, é para sentir (como toda a música, duhh).
Apesar de não ter enverdado numa grande aventura sonora, os resultados são muito, muito diferentes e, ao mesmo tempo, parece uma continuidade de "To bring you my love". Os órgãos e pianos continuam, aliás, predominam, mas a principal diferença é que PJ Harvey, aqui, é a narradora de histórias obscuras e belas.
As protagonistas femininas vão desde a Esperançosa prostituta de nome Angelene, à fonte de prazer inesgotável que é Elise, passando pela torturada Leah e as malfadadas Catherines.
PJ, aqui, muda a textura da coisa, a substância. Não há as explosões de guitarras que havia, o cd é muito mais "contido" e nada imediato. De facto, só o fabuloso single "A perfet day Elise" é que é uma canção imediata, com um refrão que é pior que super cola 3. As restantes canções vão de baladas de acordes tristes ("Catherine"), a pianos que nos enfeitiçam (a fabulosa "The garden") a simpes ruídos e percussões ("Electric Light") ou a melodias nada confortáveis e profudamente decadentes ("Leah", "Joy").

"Is This desire?" foi o cd que mais me demorou a entrar na mona e no tímopano, mas agora não descola. Claro que oiço outros cd's com mais regularidade, já que "Is This Desire?" não é assim pêra doce, como diria o povo que mais ordenha (méééé). Para aqueles que, a início, acham o cd pouco interessante, só posso dar um conselho, escutem-no várias vezes, façam o sacrifício e deixem que a última canção lance a pergunta para o ar...
"Is this desire?"
PS- aconselho vivamente a ouvirem à noite, num quarto escuro e solitário...
Para finalizar, nada melhor que por aqui o que a própria pensa deste cd:
"I do think Is This Desire? is the best record I ever made - maybe ever will make - and I feel that that was probably the highlight of my career. I gave 100 per cent of myself to that record. Maybe that was detrimental to my health at the same time."
Biba a pidjei!
2 comentários:
Pois, mas isso transborda de amor, porque eles acabaram o dueto foram logo federi, e por isso é que morro de inveja do nick porque já lhe foi ao olho :'(
mas é uma boa canção, é sim!
E yeah yeah yeahs tb é mto bom!
merci :p
Eu acho, modestamente, que a PJ tem razão no que diz... é, para mim, o melhor álbum dela e confesso que não gosto nada dos anteriores e dos ela fez a seguir Lol!!! Mas o que tem o Down By the Water é bonzito, tem mais melodias que crueza, que aqui a menina não gosta de coisas muito agressivas :D
Enviar um comentário